Chamam-me mulher!
Essa que atrevida, pluraliza-me,
Quando me penso solidão.
Essa que me acolhe e instiga,
Saltando dos abismos e espelhos
Declarando-me aos meus silêncios.
Chamam-me mulher!
Essa que tantas almas tem,
Mas que incontida pelo sentir
Revira-me e sabe-me em afetos.
Essa que é dona de mim
Sem certidões ou posses.
Chamam-me mulher!
Essa que impulsiva me seduz
Com os sons femininos da poesia
E acesa, oferece-me ao verso.
Essa que atravessa desertos
E faz-se oásis para o universo.
Chamam-me mulher!
Essa que chega antes do tempo,
Remexendo o relógio dos conceitos.
Essa que deixa dores ao vento
E seca lágrimas no colo do sol
Ofertando-me as mãos do recomeçar.
Chamam-me mulher
Essa que permite o mundo
Em seus braços repousar
E em cada sussurro do alvorecer
Fecunda-se sempre de vida
No útero do amor eterno.
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