PENSAMENTOS DE FERNANDA GUIMARÃES

Sobre o Amor

Não se pode prever as mágoas e tristezas em nossas entregas...o amor é mesmo um risco. E ainda que busquemos garantias por conta de nossas vivências, dar-nos é sempre um salto de olhos vendados, se há expectativas de correspondência neste oferta-nos. Amar deveria bastar-nos, mas infelizmente somente nos achamos plenos, se encontramos retorno para os nossos gestos.

Sobre Sonhos

Existem sonhos que acordam, que se expõem...correm sem máscaras ou disfarces, soltos no mundo. Andam descalços em nossas ruas, desejosos por fazerem almas sorrir. Céleres, ousam, assumem riscos, brincam numa roda de ciranda...não se perdem em ensaios ou labirintos; gritam por vida e são esculpidos em algum lugar deste imenso planeta. Concretizados, lançam-se de novo como sementes, porque esses sonhos não param, são incansáveis...partem como pássaros em busca de outros céus que acreditem em novas quimeras.

Sobre a Saudade

Há dias em que a saudade é companheira de todos os nossos gestos e parceira para a solidão dos nossos olhares. Não há saudade mais inquietante que aquela que transcende a presença física.

Sobre Amar

Há sentimentos que ocultamos em nosso olhar e que nos exigem confissão. Anseiam expressar-se através da palavra, desejosos por se ouvirem em nossa voz; há emoções que querem sentir mais que o silêncio acolhedor dos nossos olhos...Desejam se oferecer a outro olhar, pronunciando-se em carícia ao universo.

     Sobre a Saudade

Há dias em que o coração migra para lugares que os passos da mente querem ignorar. Imagens que subvertem a razão, onde as lembranças preenchem o álbum  do presente. Recordações que enfeitam teimosamente as paredes do coração, lembrando-nos de sorrisos que dividiam cumplicidades e olhares que focalizavam carícias insones.

Sobre Escolhas

O que nos diferencia, ao longo da nossa existência, é a forma como resolvemos caminhar, apesar do terreno desconhecido e dos imensos túneis que nosso olhar precisa atravessar, para encontrarmo-nos no mais adiante. E neste tempo em que nos buscamos, as vozes da desesperança e do desistir estão sempre à espreita clamando por nós, desafiando a linguagem da fé e da coragem, que são igualmente intensas e sonoras, quando nos decidimos a ouvi-las.

 Sobre o viver

Ainda que nem sempre percebamos, a vida é conflito e contradição. É feita de elos tecidos com as linhas do mistério e da busca, quando nos colocamos como andarilhos pelos caminhos da evolução, e mesmo quando nos distraímos do que necessitamos como aprendizagem. As estradas íngremes, as escarpas e a não compreensão de determinados momentos, que se nos afiguram como encruzilhadas, fazem parte do gigantesco ciclo de composição e transformação da vida.

Sobre a Vida

Na maior parte do tempo, fixamo-nos tanto naquilo que não temos, que nossos olhos se fecham ao que nos sobra. Nem sempre é o que nos falta que nos faz infelizes ou menos felizes, mas a nossa displicência em percebermos e valorizarmos aquilo que temos e somos.

Celebrando a Vida

Que vivamos a vida não como uma resposta às dores, mas como uma homenagem à existência que nos foi concedida. Encaremos o desconhecido, não como um labirinto, mas como a saída de um deles. Assim predispostos, as dificuldades e os problemas adquirirão novas cores e formas, e estarão de tal maneira irreconhecíveis, que será mesmo possível chamá-los de “oportunidades”.

Construindo novos caminhos

Virar as páginas do livro de nossas vidas nem sempre é facil...as lembranças ficam no olhar, emoldurando o álbum do presente, acordando sorrisos, embalando abraços, aconchegando sonhos...
Mas há que se perceber novas paisagens...às vezes, demoramo-nos em demasia para percebermos que ao invés de sepultarmos o passado, continuamos matando o presente, negando-nos a abraçar a vida que desperta a cada manhã.

Amor

O amor pleno acontece antes mesmo de haver encontro, posto que é manifestação de energias cósmicas que se anunciam no éter, ainda que jamais se avistem ou se presenciem pelos sentidos mais formais desenvolvidos pelo homem. É afinidade inexplicável que transcende as mais elaboradas definições. (excerto da crônica "Amor")

Sobre o presente e o futuro

Ainda que o hoje não corresponda aos nossos desejos, certamente ele é passaporte para o desconhecido futuro que insistimos em fazer mais próximo, cúmplice e amigo, do que o presente que nos acaricia, abraça e nos oferece a possibilidade de modificar o que nos parece posto e definitivo. O futuro deve ser tratado como aspiração. É o que ele é.

Sobre a vida e seus pequenos milagres cotidianos

A verdade é que temos uma tendência à sempre esperar por grandes milagres ou o revolver de montanhas, como sinais inequívocos para a mudança de nossas vidas. Displicentes, sequer observamos os pequenos milagres cotidianos que nos preparam para assumirmos as rédeas do nosso destino.
Viver é também voltarmo-nos à nossa morada interior para um encontro conosco mesmo...Um encontro ansiado, necessário e vital, mas que adiamos às vezes pela vida inteira.
Cada dia de nossas vidas é sempre uma estréia. O amanhecer, uma porta aberta, passaporte que nos afiança a passagem para o mundo do crescimento, do aperfeiçoamento do ser e dos nossos renascimentos.

Sobre a Amizade

A amizade conjuga-se na adivinhação natural do outro, mesmo se não existem palavras explícitas ou gestos reveladores. Ser amigo é um exercício que supõe cumplicidade e independência, porque é a convivência, fruto da vontade do estar próximo, ainda que o estar presente, signifique algumas vezes, respeito à solidão do outro.

Sobre a Vida

Cada dia de nossas vidas é sempre uma estréia. O amanhecer, uma porta aberta, passaporte que nos afiança a passagem para o mundo do crescimento, do aperfeiçoamento do ser e dos nossos renascimentos.

O Milagre da Vida

Somos nós que atribuímos significado e identidade ao nosso entorno. O milagre da vida é mesmo a nossa capacidade de recriarmo-nos, ainda que nosso ponto de equilíbrio se nos afigure como o olho de um furacão, porque no ciclo vital da existência, tanto os aparentes desacertos, assim como os encontros fazem parte de um mesmo tear, onde tecemos o bordado da nossa história.