Ensina-me a gostar de mim!
A dizer não, sem culpa, toda vez que digo sim.
Ensina-me a ser um pouco dura e cruel
quando as taças que me oferecem
não são de vinho, mas de fel.
Ensina-me a discernir o que, de fato,
é o dever que me compete e até onde
carrego fardos que não são meus.
Ensina-me a usar a lúcida razão,
a não misturar sentimento e emoção,
a ser firme e assertiva mesmo que isto
signifique comprometer a marca
de pessoa de bom coração.
Ensina-me um pouco de astúcia
porque sou sempre tão cega
e desprevinida face à malícia humana
que até meus serviçais sabem exercer,
mas não há meio de eu aprender.
Ensina-me como sepultar para sempre
esta ingenuidade que não me protege,
antes, me desampara e me expõe.
Ensina-me a não incubar e acumular
a dor que sempre explode na hora errada
como um vulcão que se põe a deitar lavas
quando todos o tinham por extinto,
mas que após as lavas, não está aliviada
mas absurdamente ... exangue e cansada.
Ensina-me a priorizar-me, e ver-me,
a não cobrar-me tanto!
Ensina-me e proteja-me de mim mesma
antes que eu desfaleça de vez,
antes que eu morra de mim!
Fátima Irene Pinto Publicado no Recanto das Letras em 01/07/2009
Código do texto: T1677452
Código do texto: T1677452
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe o seu Comentário