Fernanda Guimarães e J.B.Xavier - Malvasias





Ah, que em ti derrame-se esta minha taça
Do amor tinto que tantas vezes sorvi.
No buquê de silêncio dos meus lábios
Degustavas-te em teus tantos aromas...
Renuncio a este provar-te contemplativo
E transbordo-me em ti, ora rubi, ora malvasia,
Deixando em tua boca o gosto dos meus beijos...

Que se proclamem todos os meus delírios,
Todas as minhas ânsias e quereres contidos
Porque sob a fotografia não revelada aos teus olhos
Hei de te levar para sempre em mim, como jóia rara...

Despeço-me da embriagada e frágil lucidez
Desato os nós da minha voz
Ouve o vento que te leva o canto
De um sublime madrigal.
Nele anuncio-te minha saudade absoluta,
Da qual respiro e vivo, sempre como um ébrio
Que só a ti conhece em meu peito...

Quero-te tanto, e sempre e mais.
Que me denunciem as palavras adiadas,
Quando a cada letra pronunciada
Confesse-me a inquietude do interdito

Liberto-me da imensidão das hesitações,
Da calma que me suplica a demasiada espera.
Eis porque ora sou anjo, ora sou fera.
Anseio pelo sopro da descoberta dos teus toques
Pelo perfume desses inadiáveis desejos teus
Que se alinham para o destino do meu corpo...
Lavro minhas mãos para tua pele
Deixo-me em ti, tragada que sou
Por esta sede que bebe da tua boca...


Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/2256216

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