Percebi que, na maioria das vezes em que sofro, é
por causa de uma sensação de inadequação. É como se eu não conseguisse cuidar
direito da minha vida, do meu mundo, da minha rotina, de mim mesma. E passo o
dia esperando que chova ou faça sol porque pode ser “culpa” do cenário que não
está combinando com o meu estado de espírito naquele momento. Tolice... Logo
amanhece e fica tão claro que o Universo não tem absolutamente razão ou
possibilidade alguma de se adequar a mim. Eu tenho que me adequar às mudanças constantes_
enormes, bruscas ou sutis e pequenas_ mas sempre relevantes, contínuas.
Hoje eu acordei mais adequada, excentricamente
adequada. E passei o dia me divertindo com a minha exuberância emocional. E
leve, leve, porque tudo é tão breve. E o dia acabou, e no sábado fez sol, e no
domingo choveu e a segunda-feira, para muitos, foi mais um dia preguiçoso, e
para mim, uma semana em branco começando. Tudo tão irresistível, dias versáteis
com calor e frio e a possibilidade de mudar de figurino para me adequar ao
cenário.
Hoje eu senti muito amor pelas coisas, pelas
pessoas. E senti saudades sem apegos, eu estava inteira no meu dia. Percebi que
sofro, quando me doo em fragmentos, desalinhada, em conta-gotas. Quando não
existe entrega no que faço, uma parte de mim fica em algum lugar desconhecido e
eu perco muito tempo em busca dessa parte. Quando eu me desconecto da fé e da
confiança na vida, eu sinto medo de existir. Por isso, quando sofro, eu me investigo.
Porque o sofrimento, definitivamente, sente-se inadequado em quem aprendeu a
gargalhar com o corpo todo.
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