E as nuvens se dispersaram, e eu vi que meu coração emergia
como um alto cume de montanha, dourado de sol,
musicado de pássaros e águas.
Olhava teus olhos, tuas mãos, teus cabelos, teu corpo...
Teu corpo era como um caminho sinuoso por onde saí desesperado
a procurar-te.
E, de repente, tomei-te nos braços, afaguei-te a cintura,
recolhi-te ao meu peito.
Teu coração inquieto pulsava mais que o córrego das montanhas,
batia asas de pássaro encandeado.
E de repente saímos livres e felizes, como simples animais de Deus
com a direção dos ventos.
Faminto, colhi-te como um fruto! Sedento, bebi-te como a água!
Marquei meus dentes em tua carne
e escorreste pela minha boca, pelo meu pescoço, pelo meu peito.
Meus braços foram tuas formas. Minhas mãos te conheceram.
Desmanchei-te os cabelos, e me perdi.
Nossas bocas se uniram, e se esqueceram.
Tatearam meus lábios escalando cumes, devassando vales.
E fiquei em ti, vivo e silencioso, como o sangue nas veias,
como a seiva na raiz.
E desci sobre ti e me entranhei, como a chuva descendo e molhando.
E quando falamos: era música. em tua vida!
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